A entrada no 1º ano do Ensino Fundamental I, tradicionalmente conhecido como período de alfabetização, desperta muitas expectativas e dúvidas nas famílias. Os pais, por vezes, expressam sua ansiedade, o que também acaba gerando medo e insegurança nas crianças.

“Será que meu filho se alfabetizará com facilidade?”; “Será que ele terá um bom desempenho?”; “Como posso ajudá-lo e acompanhá-lo durante esse processo?”. Essas e outras perguntas estão presentes no inconsciente das famílias e podem se transformar em suposições. Para ajudar os pais a viverem esse momento com leveza e tranquilidade, separamos algumas dicas. Confira!

1- Ambiente letrado na Educação Infantil: melhor estímulo para uma alfabetização de sucesso
2- Atividades para alfabetização: dicas para estimular o interesse pela leitura e escrita
3- Alfabetização e letramento: um processo de construção
4- Segurança emocional: um fator primordial para a alfabetização

Ambiente letrado na Educação Infantil: melhor estímulo para uma alfabetização de sucesso

As crianças são naturalmente curiosas, gostam de sempre estar aprendendo coisas novas. Por fazerem parte de um ambiente em que vivenciam situações de uso da leitura e da escrita, os pequenos vão manifestando aos poucos, por meio de suas perguntas, a curiosidade para compreender os usos que os adultos fazem dessas formas de comunicação.

Ao assistirem aos pais utilizando o computador, lendo livros e jornais, escrevendo bilhetes e assinando documentos, as crianças vão percebendo a necessidade de domínio dessas habilidades. Por isso, buscam imitar os adultos, reproduzindo, por meio de brincadeiras, essas situações de uso da escrita.

Estimular essas atividades pode ser a primeira forma de buscar uma aproximação com esse universo. Daí a importância de que os pais contem histórias, frequentem livrarias e formem pequenas bibliotecas para seus filhos, estabelecendo as primeiras relações de sentido com a literatura e com os portadores de texto.

Incentivar as crianças a escreverem listas de compras ou lerem as instruções de um jogo, permite a elas descobrirem que aprender a ler e a escrever não são tarefas meramente escolares, mas sim atividades essenciais para a vida. Ao perceberem a autonomia que o domínio do código escrito traz para suas vidas, os pequenos tendem a se interessar pelas regras que estruturam a linguagem escrita.

Atividades para alfabetização: dicas para estimular o interesse pela leitura e escrita

Para estimular seu filho durante o processo de alfabetização, nada melhor do que brincar de ler e escrever. Para isso, é só lembrarmos do que fazíamos quando tínhamos cinco anos de idade: brincar de escolinha, de escritório ou de loja, eram brincadeiras que geralmente fazíamos com a utilização de papel e lápis.

Uma associação fundamental para as crianças fazerem é com relação às semelhanças sonoras entre as palavras. Assim, elencar as que começam igual ou têm a mesma terminação, jogos de rima e canções e poesias que trabalham a sonoridade das palavras levam os pequenos a perceberem as relações entre o código da fala e da escrita.

Escrever palavras com a mesma letra e chamar a atenção para a escrita de rótulos, títulos, propagandas e outdoors fará com que as crianças comecem a reconhecê-las e memorizá-las. Ler histórias ressaltando a estrutura das frases possibilita que elas aprendam algumas regras da língua portuguesa.

Antigamente, acreditava-se que uma criança estava “pronta” para aprender a ler e a escrever quando tinha um bom desenvolvimento motor. Dessa forma, muitas escolas centravam o trabalho da turma anterior ao 1º ano em propostas de desenvolvimento da coordenação motora fina, no movimento de pinça e na organização espacial.

Sem dúvida, esses exercícios ajudam, mas hoje sabe-se que não são consideradas pré-requisitos necessários para o início da alfabetização. As propostas devem permitir que a criança pense sobre a escrita e descubra suas funções, por isso, o contato com diferentes portadores textuais – livros, jornais, revistas, receitas culinárias, instruções de jogos, listas – auxiliam muito nesse processo.

Na SAP, buscamos inserir o aluno em situações reais nas quais produza e leia diferentes gêneros textuais — literários, informativos, comunicativos.

Alfabetização e letramento: um processo de construção

Antigamente, acreditava-se que as crianças que aprendiam a ler sozinhas tinham altas habilidades. Hoje, sabe-se que, quando suficientemente expostas a um material escrito e estimuladas a fazer perguntas, vão aprender a ler e a escrever pensando sobre a escrita e tirando suas próprias conclusões.

As crianças não necessariamente vão à escola para que as ensinem a falar, mas sim para interagirem com outros falantes da língua e, a partir dessa interação, construírem seu ponto de vista. Por isso, é comum as vermos criando estruturas frasais nunca ouvidas, como ao serem perguntadas se já fizeram algo e responderem “eu já fazi”, demonstrando que, mesmo sem terem tido uma aula de gramática, podem flexionar o verbo e extrair uma regularidade.

Assim, o trabalho nas turmas de Educação Infantil em escolas mais atualizadas tem se centrado na exposição dos pequenos ao material escrito, estimulando a descoberta de analogias e permitindo a experimentação de escritas espontâneas que refletem o estágio de construção da escrita em que a criança se encontra.

Nas escolas construtivistas e sociointeracionistas, as etapas pelas quais os pequenos percorrem até alcançarem o nível alfabético precisam ser conhecidas pelos professores. Dessa forma, eles podem propor desafios que ajudam as crianças a se desenvolverem e a alcançarem novos patamares de compreensão.

Para Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, estudiosas e pesquisadoras do processo de aquisição da leitura e da escrita, as etapas são as seguintes:

Nesse longo processo, é fundamental que os adultos não se preocupem excessivamente com a performance e com a escrita “correta” das palavras e acreditem na capacidade das crianças de pensar e fazer descobertas. Afinal, como diz Piaget, epistemólogo e teórico do construtivismo: “o professor não ensina, mas arranja modos de a própria criança descobrir”.

Segurança emocional: um fator primordial para a alfabetização

As crianças que se sentem mais seguras têm, naturalmente, um processo de alfabetização mais tranquilo e espontâneo. O excesso de cobrança pode inibir e dificultar as conquistas. Sendo assim, a família, primeiro núcleo de segurança emocional dos pequenos, deve permitir que experimentem, errem e arrisquem hipóteses, pois só assim se sentirão prontos para crescer e se desenvolver.

Um ambiente opressor pode gerar pessoas inseguras e com medo. Aprender é entrar em contato com o que não sabemos, com o desconhecido, e, para isso, é imprescindível o acolhimento dos adultos, tanto pais como professores. Permitir uma ideia diferente levará as novas gerações a se sentirem livres para arriscar e inovar.

As conquistas alcançadas durante o processo de escolarização vão repercutir na formação da personalidade e na estrutura emocional das crianças. Portanto, mais importante do que um boletim com notas boas é assegurarmos, por meio da educação, a formação de seres humanos seguros e felizes.

Quer saber mais sobre os nossos princípios metodológicos?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *